segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Sexualidade na escola

Falar em saúde na escola requer que falemos da temática da sexualidade, incluindo também o tema da afetividade. O profissional da educação enfrenta muita dificuldade no trato com esse tema, principalmente por conta de preconceitos, tabus e pudores dos próprios alunos, que muitas vezes deixam seus professores com a sensação de estar falando sozinhos quando esse tema é abordado. O tema vem se fazendo cada vez mais pertinente, por conta dos altos índices de gravidez na adolescência e da igualmente alta taxa de abortos.
           
É importante salientar que a sexualidade não é exclusividade dos adolescentes, sendo presente desde o nascimento. Desde os primeiros meses de vida, diferentes zonas corporais proporcionam gratificações de prazer diferentes. Nos primeiros anos de vida, a criança encontra-se na fase oral, quando a principal fonte de prazer e descoberta do mundo é a boca. Por volta dos 18 meses, inicia-se a chamada fase anal, que vai até os 4 anos. Nesse momento, há o controle do esfíncteres anal e fecal, zona que mais proporciona prazer.

Dos 3 aos 5 anos, ocorre a chamada fase genital infantil, quando a criança começa a perceber seu corpo e a diferença entre os sexos. Dos 6 anos até a puberdade dá-se a chamada fase de latência da sexualidade. A partir da puberdade, o indivíduo encontra-se na fase genital adulta. É comum que se confunda adolescência e puberdade. A adolescência é a fase da vida entre a infância e a fase adulta. É um conceito cultural, que marca a ressignificação identitária do indivíduo. A adolescência marca três lutos: o luto pela perda do corpo, pela perda dos pais na infância e pela perda da identidade infantil. Por sua vez, a puberdade tem caráter biológico e físico, marcando o amadurecimento da função reprodutora.

A adolescência pode ser dividida em três fases e essas fases são diferenciadas pelo fator gênero. Para as meninas, a adolescência tem início entre os 11 e os 13 anos, enquanto que, para os meninos, a adolescência começa entre os 12 e os 14 anos. A principal questão que envolve essa etapa, para os adolescentes, refere-se à normalidade das transformações físicas e a redefinição dos modelos de relacionamento e é a fase durante a qual ocorre a maior parte das transformações físico-biológicas.

O meio da adolescência é marcado pelas últimas transformações físicas e é quando ocorre uma assimilação maior do papel do adolescente na sociedade. Essa fase ocorre por volta dos 13 aos 16 anos, nas meninas e dos 14 aos 17 anos nos meninos. O grande conflito nessa fase é o desejo da criação da independência em relação aos pais aliado à insegurança de perder esse elo familiar.

O fim da adolescência ocorre dos 17 até os 21 anos, em média. Acontece após a consolidação da última etapa do desenvolvimento físico e é marcado pela maturação da identidade sexual, pela prática de relacionamento íntimo, pelo amadurecimento da identidade adulta e por uma esperada independência material.

Como práticas sexuais comuns da adolescência é possível citar a masturbação, que deve ser considerada um elemento não-patológico, preocupante somente quando o adolescente não consegue realizá-la por algum fator psicológico, ou quando a realiza em excesso. Outra prática comum é o       “ficar”, que é um relacionamento caracterizado pela superficialidade, pela ausência de fidelidade e de compromisso.

O namoro, outra prática comum, é definido pela fidelidade, pela responsabilidade com o outro e com a relação. Estatisticamente, é preferência das meninas. A virgindade é um tema muito recorrente na adolescência: para os meninos, a primeira relação sexual deve ocorrer o mais cedo possível e a quantidade é o ideal. Para as meninas, a virgindade é muito valorizada e sua perda é geralmente mais tardia.

O período marca um enorme questionamento sobre a identidade sexual, o que pode gerar uma homossexualidade passageira, ligada a auto-erotização e à definição das atividades heterossexuais. Há ainda a ocorrência de relações sexuais forçadas que não se limitam ao ato sexual, o problema é mais abrangente do que a violência sexual. Quando ocorre com meninas, acontece mais com um amigo ou homem da família. Com meninos, é mais frequente que as parceiras sejam amigas, muito dificilmente adultas.


O papel do professor nesse quesito é o de garantir a passagem à vida adulta de maneira segura, tanto no âmbito sexual, quanto na autonomia psicológica do aluno. Por isso, é importante abrir um espaço de discussão em sala de aula.

Mas... como abrir um espaço pra discutir a sexualidade na escola?

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