A depressão não é só um problema dos adultos. Hoje, sabe-se que esse tipo de doença também afeta crianças e adolescentes. Em idade pré-escolar, a depressão atinge cerca de 1% das pessoas. Em idade escolar, sobe para uma média de 2% a 4%, subindo na adolescência para uma média de 5% a 8% da população. Na infância, atinge igualmente meninas e meninos, sendo que, a partir da adolescência, é mais comuns em pessoas do sexo feminino.
A depressão pode ser definida como um transtorno de humor ou de afeto. É um sentimento de tristeza profunda, com sintomas fisiológicos ou orgânicos. Como critérios diagnósticos, os especialistas aliam um conjunto de sintomas que sejam persistentes por mais de um mês: humor deprimido, perda de interesse e de prazer, diminuição da energia, alterações no sono, na alimentação e na libido.
É uma doença de causas multifatoriais: biológicas (fatores genéticos e de alterações cerebrais) psicológicas e socioculturais. Seus fatores de risco estão ligados ao gênero feminino, aos antecedentes pessoais e familiares, à ocorrências/situações estressantes, à dependência de drogas, à violência doméstica e a altos graus de exigência na escola ou no trabalho.
Seus sintomas principais são: tristeza, falta de motivação, solidão, humor deprimido, irritável ou instável; mudanças súbitas de comportamento, mudança de apetite ou peso e vários outros. O portador tem dificuldade em divertir-se, queixa-se de tédio, tem preferências por atividades solitárias, tem pensamentos recorrentes de morte e de suicídio. Fisicamente, queixa-se de cansaço, falta de energia, dores de cabeça, dores de barriga e insônia.
O indivíduo geralmente se enche de preocupações, carrega consigo sentimentos de culpa, tem baixa auto-estima, chora excessivamente, não participa de atividades, e até fala baixo, com dificuldade, muitas vezes de maneira monossilábica.
Na escola, o aluno apresenta queda de rendimento, baixa concentração, perda de interesse pelas atividades, falta de motivação, pensamento e fala mais lentos, impulsividade, irritabilidade, choro fácil, isolamento dos colegas, e dificuldades no processo cognitivo. É importante perceber que são sintomas relacionados, que desencadeiam uns aos outros.
A depressão na infância e na adolescência causa dificuldades sociais e acadêmicas na vida adulta e essas dificuldades, se não contornadas, podem ser fator desencadeante de outros episódios de depressão ao longo da vida.
Como doença de causa multifatorial, seu tratamento também deve abarcar vários âmbitos da vida da criança ou do adolescente. Esse tratamento pode incluir medicação, psicoterapia, suporte familiar e psicopedagógico, criando uma rede social em torno desse individuo, unindo pais, médicos, professores e amigos.
Na escola, cabe ao profissional da educação ver os antecedentes do aluno, minimizar os impactos negativos da doença na prática acadêmica e valorizar os efeitos positivos de um possível tratamento. O professor deve ainda ajudar na criação de habilidades para que esse aluno possa lidar melhor com problemas futuros, evitando assim que a depressão se torne recorrente. O professor deve dar estímulo na busca por ajuda em todos os contextos da vida do aluno, atendo-se à interlocução com pais, médicos e terapeutas.