Em linhas bem gerais, pode-se definir duas concepções de transversalidade: na primeira, as disciplinas são o eixo vertebrador do currículo; na segunda, as temáticas transversais tornam-se o eixo vertebrador do currículo.
Quando as disciplinas são o eixo vertebrador do currículo, são mantidas de maneira tradicional, revelando o cuidado da escola com a disciplinas. As atividades pontuais, uma das carasterísticas desse modelo de transversalidade, levam à continuidade do modelo fragmentado de ensino. Existe nesse modelo, a possibilidade da intenvenção de profissionais exteriores trabalhando os temas transversais, o que revela o caráter “especializante” dessa concepção. O oferecimento de projetos interdisciplinares, comum a esse modelo, não favorece o diálogo entre os diferentes campos de conhecimento.
Mais um item a ser constatado nesse modelo é a idéia de que a transversalidade deve estar incorporada às disciplinas, como ser a transversalidade fosse inerente à concepção cartesiana de fragmentação. Dessa maneira, a transversalidade é tratada como currículo oculto, no qual o professor não tem controle, nem uma preparação consciente. Vale destacar que a transversalidade não é válida como modelo em que o professor fica à espera de “ganchos”, para só, então trabalhar determinados temas.
No segundo modelo de transversalidade, as temáticas transversais são o eixo vertebrador do currículo. Nessa concepção, os conteúdos tradicionais “deixam de ser a 'finalidade' da educação e passam a ser concebidos como 'meio' para se trabalhar os temas transversais”, fazendo-os ponto de partida e de chegada na formação do sujeito. Os conteúdos disciplinares giram em torno dessas temáticas que objetivam uma educação em valores. O problema dessa concepção é que o elemento fragmentador também não está ultrapassado.
Um terceiro e possível modelo, ainda não elaborado em sua totalidade, propõe uma educação através de temas transversais que utilize estratégias que vão além da compartimentalização disciplinar. Esse modelo deve se preocupar também com a retirada da escola do isolamento em que se encontra, o que pode ser conseguido com a criação de temas transversais pela escola, e não somente através da escolha de um dos temas propostos pelos PCN's.
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