domingo, 17 de outubro de 2010

Pedagogia de projetos

A estratégia de projetos como trabalho pedagógico pressupõe o desejo de aprender do estudante, e o mais consistente, ou eficiente é exatamente aquele que vai além das abordagens tradicionais dos componentes curriculares. O professor Ulisses Araújo é pesquisador da estratégia de projetos.

No Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa, versão 3.0, o termo Projeto consta como: SM, desejo, intenção de fazer ou realizar (algo) no futuro; plano. A maioria das pessoas entende o termo plano como algo previamente definido e estático, que se planeja e executa. Na estratégia de projetos, o que se propõe é que o educador não seja um executor do plano, seja um estrategista, pois cabe a ele direcionar o andamento dos trabalhos de acordo com as situações e as reações dos estudantes.

Na Escola Comunitária de Campinas, a pedagogia de projetos é utilizada em todas as turmas. A turma do 5° ano desenvolve um projeto: Raízes culturais e a escravidão no Brasil. Os alunos no 9° ano viajaram para o litoral paulista, no projeto Baixada Santista. 

O professor Ricardo Pátaro, responsável pelos projetos, afirma que a partir da realização do trabalho, foram identificados preconceitos e discriminações que permeiam as relações entre os próprios alunos da classe. O projetos envolvem conteúdos de história, geografia, matemática e língua.

A estratégia de projetos está centrada em dois conceitos da pedagogia: a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade, temas já discutidos em textos anteriores. A interdisciplinaridade surgiu como um chamado para se repensar a organização curricular, a partir da constatação que a realidade não é fragmentada. Não chega a pensar na possibilidade de mudança dos objetos de estudo das disciplinas, apenas na soma de esforços para a apreensão de fenômenos complexos. A transversalidade vem como reação à fragmentação disciplinar, pois há temas que atravessam todas as disciplinas. O tema de Valores, por exemplo, perpassa a todas as disciplinas, não cabe a um componente curricular específico.

Ao término do projeto, o professor organizou um debate entre os alunos da turma, que, dividida em dois blocos, defendiam ora os interesses e os argumentos dos portugueses, ora os africanos e seus argumentos.

O trabalho com a estratégia de projetos pode ser representado como um esquema, ou uma rede, onde se deve registrar todo o percurso do trabalho, desde os questionamentos dos alunos até os resultados obtidos, como, por exemplo, as relações entre o tema e as diversas disciplinas envolvidas.

À medida que o projeto vai se desenvolvendo novas questões que não estavam previstas e de elementos surgem e dão margem a novos alinhamentos para as investigações.

A turma do 9° ano desenvolveu o projeto Baixada Santista. Os alunos estudam de maneira conjunta os conteúdos de história, geografia e ciências. O professor Eduardo, educador ambiental, a professora Fátima, professora de história e equipe do projeto, o professor Adílson, de geografia e Eduardo, de ciências completam a equipe. Os alunos estudaram, in loco, a formação de Santos, sua ocupação, as condições naturais e os impactos ambientais.

Em depoimentos, os alunos afirmaram que é muito prazeroso estudar um conceito qualquer e, depois, poder vivenciá-lo, pondo em prática aquilo que foi aprendido em sala de aula.

Segundo o professor Ulisses, um bom projeto abre a perspectiva de desenvolvimento do aluno num âmbito que vai além dos componentes curriculares, pois os habilita a problematizar o mundo e buscar respostas a perguntas que ele têm e, principalmente, instigá-los a buscar possibilidades de intervenção como sujeitos capazes e dispostos a dar sua contribuição para um mundo melhor.

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